Páginas

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

E agora, José?

Eu sempre fui uma destemida cautelosa.
Nunca morei em favelas, mas sendo carioca do Rio de Janeiro todo, circulando por todas as zonas e realidades habitacionais e financeiras, você acaba pegando uma malandragem, que todo carioca por completo tem.

A violência sempre esteve aqui.
E eu tinha opções: 

Ou passava noites em claro com pânico, ou me acostumava com os tiroteios diários que eu ouvia durante a noite.

Ou ficava em casa estudando por correspondência, ou atravessava o Rio no trajeto diário Rocha Miranda - Urca, passando pelo jacarezinho, ponto super crítico da cidade, lugar, que muitas vezes passei abaixada, em silêncio, junto com desconhecidos passageiros que só queriam salvar as suas vidas em meio ao terror que estava além das janelas do ônibus.

Eu optei por viver, no meu Rio como ele é, e me acostumei com a violência e brutalidade, achando digamos, isso tudo que a gente vê no jornal normal. Afinal, eu vejo isso tudo todo dia, e destemida, nunca quis entrar em pânico.

E eu não estou em pânico, mas confesso que com um medo a mais.
Agora tem o Samuel.

E eu acabei de aceitar a proposta do meu companheiro, que sugeriu que eu ficasse em casa, ao invés de atravessar a cidade, passando por alguns dos pontos críticos para visitar a minha mãe.

E eu não sei se tenho mais medo de atravessar a cidade ou medo da decisão que tomei em ficar parada.

3 comentários:

Maria Elisa disse...

não sei qual seria minha decisão

mas tenho quase certeza que ficaria em casa tbém...

disse...

cada vez que vejo o noticiário fico com o coração na mão pensando em vcs! essa situação é lamentável.

disse...

cada vez que vejo o noticiário fico com o coração na mão pensando em vcs! essa situação é lamentável.